Textos bíblicos: Jo 5.24; Rm 5.1,9; Mt 7.21-29; Tg 2.14-18; 1ª Co 3.4-16, Ap 22.12
Introdução - Examinando os verbos ter, ser, dizer e fazer observamos que é indispensável ao conhecimento do verdadeiro discípulo de Jesus, saber que os referidos verbos, são interdependentes e complementares, porque, no Reino de Deus sem ter Jesus como Salvador e Senhor, portanto, por não ser filho de Deus, (Jo 1.11-12), não tem o Espírito Santo habitando nele (Rm 8.9), não tem autoridade de dizer ou pregar o Evangelho, e não tem como fazer obras dignas de arrependimento dando testemunho de sua transformação. Como não tem Jesus, nem o Espírito Santo, (Rm 8.9), por conseguinte, não tem frutos para a vida eterna. Evidentemente, há uma “corrente inquebrável”, um entrelaçamento interdependente no discipulado e na vivência prática no Senhor, em ter, em ser, em dizer e em fazer, tendo o Evangelho de Jesus Cristo, como a única regra de fé e conduta prática. Como Ele mesmo disse: “vós sois os meus amigos se fizerdes o que vos mando” Jo 15.14.
Vejamos agora a interdependência sequencial entre o Ter, o Ser, o Dizer e o Fazer:
a) O VERBO “TER”- Primeiro é preciso ter Jesus no coração e ter a vida eterna, para depois ser, dizer e fazer como discípulo. Portanto, é imprescindível ter Jesus como Senhor e ter o Espírito Santo reinando no íntimo do seu ser, para que exista uma interdependência espiritual entre Cristo Jesus e seus discípulos, como Ele disse assim: “Eu sou a videira, vós as varas; quem está em mim, e eu nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer”. Jo 15:5.
O Ter Jesus implica em ter as seguintes condições:
i. Ter Jesus no coração para ter a vida eterna. É preciso ter Jesus para ter a vida eterna, como Jesus mesmo disse: “Em verdade, em verdade vos digo que quem ouve a minha palavra, e crê naquele que me enviou, tem a vida eterna e não entra em juízo, mas já passou da morte para a vida (Jo 5.24). É como o apóstolo João disse a respeito do Filho de Deus assim: (...) v11 E o testemunho é este: que Deus nos deu a vida eterna; e esta vida está em seu Filho. v12 Quem tem o Filho tem a vida; quem não tem o Filho de Deus não tem a vida. v13 Estas coisas vos escrevo, a vós que credes no nome do Filho de Deus, para que saibais que tendes a vida eterna”. 1ª Jo 5.11-13
ii Ter paz com Deus pela fé em Jesus Cristo é a porta de entrada da Graça. Ter esclarecimento de que a salvação é de graça pela fé em Jesus Cristo como suficiente Salvador e Senhor, e que o galardão no Tribunal de Cristo, (2ª Co 5.10) é o prêmio para os fieis servos trabalhadores da Seara ( Mt 10.42; Lc 9.62; 2ª Tm 4.7-8; 2ª Jo v8; Ap 22.12;). Portanto, a salvação de graça é para quem tem fé genuína na redenção dos seus pecados pelo sangue de Jesus derramado na cruz do Calvário - Obra Perfeita Eficaz de Cristo – (1ª Co 6.19; 1ª Pe 1.18-19), porém, o galardão é o prêmio para os servos fieis trabalhadores da Seara do Senhor. (Mt 25.19-23). Como escreveu o apóstolo Paulo, o doutor dos gentios: “v1 Justificados, pois, pela fé, tenhamos paz com Deus, por nosso Senhor Jesus Cristo, v2 por quem obtivemos também nosso acesso pela fé a esta graça, na qual estamos firmes, e gloriemo-nos na esperança da glória de Deus”. Rm 5.1-2. (...) “v8 Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus. v9 não vem das obras, para que ninguém se glorie. v10 Porque somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para boas obras, as quais Deus antes preparou para que andássemos nelas” Ef 2.8-10
iii. Ter obras para provar a fé genuína que tem. Como disse Tiago: “Que proveito há, meus irmãos se alguém disser que tem fé e não tiver obras? Porventura essa fé pode salvá-lo? Tg 2.14 (...) Assim também a fé, se não tiver obras, é morta em si mesma. Tg 2.17. Mas dirá alguém: Tu tens fé, e eu tenho obras; mostra-me a tua fé sem as obras, e eu te mostrarei a minha fé pelas minhas obras. Tg 2.17-18. (...) Porque, assim como o corpo sem o espírito está morto, assim também a fé sem obras é morta. Tg 2.18.
iv. Ter obras de boa qualidade para ter galardão na glória eterna. Haverá o julgamento das nossas obras como discípulos no tribunal de Cristo, para recebermos os galardões, assim: (...) v13 a obra de cada um se manifestará; pois aquele dia a demonstrará, porque será revelada no fogo, e o fogo provará qual seja a obra de cada um. v14 Se permanecer a obra que alguém sobre ele edificou, esse receberá galardão. v15 Se a obra de alguém se queimar, sofrerá ele prejuízo; mas o tal será salvo todavia como que pelo fogo. 1ª Co 3.13-15. (...) “Porque todos devemos comparecer ante o tribunal de Cristo, para que cada um receba segundo o que tiver feito por meio do corpo, ou bem, ou mal”. 2 Co 5:10. (...) Eis que cedo venho e está comigo o meu galardão, para retribuir a cada um segundo a sua obra. Ap 22.12.
v. Ter testemunho autêntico. Praticar a Palavra de Deus provando o discipulado verdadeiro. Como disse Jesus no sermão da montanha: “v18 Não pode a árvore boa dar maus frutos; nem a árvore má dar frutos bons. v19 Toda a árvore que não dá bom fruto corta-se e lança-se no fogo. v20 Portanto, pelos seus frutos os conhecereis. v21 Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus. v22 Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não profetizamos nós em teu nome? e em teu nome não expulsamos demônios? e em teu nome não fizemos muitas maravilhas? v23 E então lhes direi abertamente: Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniquidade.Todo aquele, pois, que escuta estas minhas palavras, e as pratica, assemelhá-lo-ei ao homem prudente, que edificou a sua casa sobre a rocha; v24 E desceu a chuva, e correram rios, e assopraram ventos, e combateram aquela casa, e não caiu, porque estava edificada sobre a rocha” (Mt 7.21-24). Assim, dizer e não fazer o que diz, é falso testemunho. (Êx 20.16; Mt 5.37; Ap 21.8)
b) O VERBO "SER" – O ser é a essência do caráter de Deus. O ser sem ter Jesus e não praticar a sua Palavra na vida diária, não tem valor para com o Deus que Se declarou ser a verdade e ser o mesmo eternamente, como disse Jesus, assim: “Disse-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim”, Jo 14:6.
i. Como disse Deus a Moisés: “v14 Respondeu Deus a Moisés: EU SOU O QUE SOU. Disse mais: Assim dirás aos olhos de Israel: EU SOU me enviou a vós”. Êx 3.14.
ii. Como disse Jesus: “(...) Antes que Abraão existisse “EU SOU”. Jo 8.58b.
iii. Como também disse o apóstolo Paulo aos Hebreus: “Jesus Cristo é o mesmo, ontem, e hoje, e eternamente”. Hb 13:8.
iv. Portanto a conjugação do verbo “ser” para o verdadeira discípulo de Jesus, tem o caráter da eternidade e da verdade. Ser autêntico aqui e agora, para ser o verdadeiro filho de Deus na eternidade. Pois, assim como Ele é o seremos, herdando a mesma natureza eterna do “novo ser espiritual”, como está escrito: “Vede quão grande amor nos tem concedido o Pai, que fôssemos chamados filhos de Deus. Por isso o mundo não nos conhece; porque não o conhece a ele. Amados, agora somos filhos de Deus, e ainda não é manifestado o que havemos de ser. Mas sabemos que, quando ele se manifestar, seremos semelhantes a ele; porque assim como é o veremos”. 1ª Jo 3.1-2. (1 João 3:1-2; 1ª Co 15.44-64; Fl 3.20-21).
v. Não ser ouvinte esquecido, mas, cumpridor da Palavra de Deus como também disse Tiago: V22 (...) E sede cumpridores da palavra e não somente ouvintes, enganando-vos a vós mesmos. v23 Pois se alguém é ouvinte da palavra e não cumpridor, é semelhante a um homem que contempla no espelho o seu rosto natural; v24 porque se contempla a si mesmo e vai-se, e logo se esquece de como era. v25 Entretanto aquele que atenta bem para a lei perfeita, a da liberdade, e nela persevera, não sendo ouvinte esquecido, mas executor da obra, este será bem-aventurado no que fizer. Tg 1.22-25
c) O VERBO "DIZER". Dizer sem fazer é ser falso discípulo de Jesus. O discurso, muitas vezes eloquente e emocionante, se não for autenticado com a vivência prática, perde o valor e autoridade de quem fala. “O exemplo convence, porém, as simples palavras voam ou desaparecem no esquecimento”. É como disse Jesus: “Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus.”. Mt 7:21
d) O VERBO "FAZER" – O fazer primeiro para depois dizer ou ensinar, credencia o discurso autêntico e verdadeiro. É diferente da doutrina dos fariseus, comparado por Jesus como o “fermento dos fariseus”, que ensinavam, mas, não faziam, não praticava o que diziam. Fazer como Jesus fez primeiro para depois, ter autoridade de ensinar (dizer) a verdade, assim: “(...) E aconteceu que, concluindo Jesus este discurso, a multidão se admirou da sua doutrina; porquanto os ensinava como tendo autoridade; e não como os escribas”. Mt 7:28-29. Como está confirmado em Atos dos apóstolos: (...) “v1 Fiz o primeiro tratado, ó Teófilo, acerca de tudo que Jesus começou, não só a fazer, mas a ensinar, V2 Até ao dia em que foi recebido em cima, depois de ter dado mandamentos, pelo Espírito Santo, aos apóstolos que escolhera; At 1.1-2. O verdadeiro discípulo de Jesus tem que ter frutos dignos de arrependimento, evidenciando a fé que tem no seu coração, através de suas boas obras ou frutos. (Tg 2.14-18).
Considerações finais. Dizer sem fazer é ser falso discípulo, e evidencia que a pessoa não tem Jesus reinando no seu coração, porque não “nasceu de novo da Água (Palavra) e do Espírito”, como Jesus disse a Nicodemos: “Jesus respondeu: Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus”, (Jo 3:5), isto é, não foi transformado em nova criatura, como disse o apóstolo Paulo: “Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo”. (2ª Co 5:17).
Portanto, assim fica claro a “interdependência” em ter, ser, dizer e fazer. Porque dizer sem fazer, evidencia que não tem Cristo reinando no seu coração, por não ter sido transformado em nova criatura, e por não ser filho de Deus. É preciso ter Jesus reinando no coração para ser, dizer e fazer, e para declarar que Jesus Cristo é o Senhor da sua vida, como autêntico discípulo, como disse o apóstolo Paulo: “(...) e ninguém pode dizer que Jesus é o Senhor, senão pelo Espírito Santo”. (1ª Co 12.3b). (...) “Já estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne, vivo-a na fé do Filho de Deus, o qual me amou, e se entregou a si mesmo por mim. (Gl 2.20). (...) “E os que são de Cristo crucificaram a carne com as suas paixões e concupiscências. Se vivemos em Espírito, andemos também em Espírito”. Gl 5:24-25. Amém. (Ler: Fl 2.9-15) (Pr Djalma Pereira)