terça-feira, 31 de março de 2009

A Paixão de Cristo foi fora do Arraial (II)




Jesus Cristo foi Crucificado Fora da Porta e fora do arraial.



Hb 13.12-13, "(...) Por isso também Jesus, para santificar o povo pelo seu proprio sangue, sofreu fora da porta. Saiamos pois a ele fora do arraial, levando o seu opróbrio"



O fato de Jesus ter sofrido "fora da porta" (Hb 13.12b), evidencia o cumprimento das profecias e o sentido de Sua paixão humilhante no Gólgota. Pois, sofrer "fora da porta" significou para Ele levar o vitupério dos nossos pecados sobre Si no madeiro da cruz, para que com Seu sangue podesse salvar o pecador perdido. Vejamos através de dois tipos no Velho Testamento, e o seu cumprimento no Novo Testamento, o significado simbólico pertinente à crucificação de Jesus, para um melhor entendimento:



I - O sacrifício da novilha ruiva ou vermelha fora do Arraial


Como está escrito assim: Nm 19.1-2, "Falou mais o Senhor a Moisés e a Arão, dizendo: Este é o estatuto da lei, que o Senhor ordenou, dizendo: Dize aos filhos de Israel que te tragam uma bezerra ruiva sem defeito, que não tenha mancha, e sobre que não subiu jugo. E a dareis a Eleazar, o sacerdote; e a tirará fora do arraial, e se degolará diante dele. E Eleazar, o sacerdote, tomará do seu sangue com o dedo e dele espargirá para a frente da tenda da congregação sete vezes. Então, queimará a bezerra perante os seus olhos; o seu couro, e a sua carne, e o seu sangue, com o seu esterco se queimará. E o sacerdote tomará um pedaço de madeira de cedro, e hissopo, e carmesim, e os lançará no meio do incêndio da bezerra".


1. Era o único sacrifício de animal - a novilha vermelha ou ruiva - feito pelo sumo sacerdote fora do arraial. Ler Nm cap. 19.1-6. Por que este sacrifício, fora do arraial, era feito com uma novilha vermelha? Veja que este era o único sacrifício de animal "ruivo" feito fora do arraial. É porque só a novilha vermelha identificava, fora da porta, publicamente, a morte de Jesus coberto de sangue na cruz do calvário, para purificação de nossos pecados. 1ª Pe 2.24. Note que neste sacrifício o sumo sacerdote Eleazar saía da sua posição, fora da porta da tenda da congregação, - simbolizando como, também, Jesus seria crucificado fora do araial, - e burrricava sete veses o sangue com seu dedo apontando e olhando para a tenda da congregação! O ritual em burricar sete vezes o sange da novilha vermelha, corresponde às sete "palavras ou setenças que Jesus pronunciou na cruz", quando ali derramou o seu sangue! (Ler: Mt 27.46; Lc 23. 43; Mc 15.34; Jo 19.27-28, 19.29-30; Nm 19.6; Sl 69.21; Lc 23.46; Mt 27.50-53). Logo após Jesus entregar o seu espírito ao Pai no último brado da cruz, "(...) o véu do templo se rasgou em dois de alto a baixo" (Mt 27.50-53), indicando que estava consumado o "Novo e Vivo Caminho para o céu pelo o seu sangue". Hb 1o.18-23.



2. O dia da expiação anual
, Lv 16.1-14. Observe que, também, uma vez por ano no dia da expiação, o sumo sacerdote, após o sacrifício do novilho, tomava do seu sangue e aspergia, com seu dedo, sete veses perante o propriciatório, além do segundo véu do templo, (Lv 16.11-14), assim como, agora, Jesus ressuscitado à direita de Deus o Pai no céu, apresenta-Se com o valor eterno do seu sangue, como Sumo Sacerdote eterno, segundo a ordem de Melquisedeque, para interceder por nós. (Hb 7.1-28). Também, aqui, o número sete representa, em memória, as sete setenças verbais ou palavras que Jesus pronunciou na cruz, quando consumou a Sua Obra perfeita e completa da salvação. (Mt 26.24-29; Lc 22.19-20;1ª Cor 11.23-26).



II - A serpente abrasadora levantada numa haste no deserto - Nm 21.4-9.


Quando o povo se rebelou contra Deus e contra Moisés, o Senhor enviu serpentes venenosas que mordiam o povo e muitos morriam, (v 6). Porém Moisés intercedeu a favor do povo diante do Senhor (v. 7), porque o restante do povo foi a Moisés confessando o seu pecado e pediu que Moisés intercedesse por eles para que tirasse as serpentes venenosas. Então, "disse o Senhor a Moisés: Faze uma serpente abrasadora, põe-na sobre uma haste: e será que todo mordido que a mirar, viverá. Fez Moisés uma serpente de bronze, e a pôs sobre uma haste; sendo alguém mordido por alguma serpente, se olhava para a de bronze, sarava" (Nm 21:8-9). O arrependimento salvou da morte aqueles que olharam para a serpente abrasadora levantada no deserto (tipo de Jesus abandonado e crucificado). Somente quando o Senhor da Glória se identificou, simbolicamente, com o pecado e a morte, desde a queda do homem por causa do pecado, induzido pela antiga e má serpente (Satanaz), (Gn 3.14-15), Ele se deixou pregar no madeiro maldito, assim, Jesus pôde aniquilr o pecado, pisar a cabeça da antiga serpente (Satanaz). Nesse momento, Ele, a luz do mundo, teve o mais intenso confronto com o poder das trevas; e Ele venceu essa luta completamente sozinho.


3. Esses tipos indicam que Jesus se fez pecado por nós! - Tanto no Getsêmani, como está escrito em Mt 26.36-45; e Lc 22.39-46, como também, publicamente, na cruz do Gólgota, Jesus Cristo foi feito pecado por nós por parte de Deus, o Pai, como está escrito: "Aquele que não conheceu pecado, ele o fez pecado por nós; para que nele fôssemos feitos justiça de Deus". (2ª Co 5.21). Nós, que nascemos no pecado (Sl 51.5; Rm 5.12), não podemos compreender a dimensão do que significou para o Filho de Deus, que não tinha pecado, ser identificado com o pecado e, ainda mais, ser Ele mesmo feito "pecado por nós". Quem jamais entendeu a profundidade das palavras de Jesus em João 3.14-15, que são tão indescritivelmente gloriosas para nós? Jesus mesmo monstrou para Nicodemos, no tipo da serpente levantada no deserto, a Sua humilhação, como está escrito: "E do modo porque Moisés levantou a serpente no deserto, assim importa que o Filho do homem (Jesus) seja levantado, para que todo o que nele crê tenha a vida eterna." (Nm 21.4-9; Jo 3.13-15). Por que o Senhor se referiu a esse acontecimento do Antigo Testamento? Porque naquele tempo, o povo de Israel se rebelou contra Deus e contra Moisés, como sempre, induzido por Satanaz. Como memorial simbólico da queda do homem, e o castigo como setença do pecado e da morte, o Senhor mandou entre o povo serpentes abrasadoras, que mordiam o povo; e, assim, morreram muitos do povo de Israel" (v. 6). Porem, quando arrependido olhava para a serpente abrasadora levantada numa haste, não morriam, mas, viviam. (Gn 3.1-15; Nm 21.4-5)


Agora vamos olhar em espírito para Jesus Crucificado fora do Arraial, com santa reverência:


i) Jesus se esvaziou humildemente de Sua Glória! - Lemos a esse respeito em Filipenses 2.6-8: "pois ele, subsistindo em forma de Deus não julgou como usurpação o ser igual a Deus; antes a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se em semelhança de homens; e, reconhecido em figura humana, e, achado em forma de homem, humilhou-se a si mesmo, tornan-se obediente até a morte, e morte de cruz". Quando o Filho de Deus se esvaziou a si mesmo da glória que tinha com o Pai e se tornou homem, Ele se dirigiu para "fora da porta", para tomar sobre si, voluntariamente, o "vitupério" (a afronta, o desprezo) que o aguardava.

ii) Tirou todos os pecados da humanidade e levou-os sobre Si. - Jesus também sofreu "fora da porta" porque tirou os pecados de todos os homens (judeus e gentios) de todos os tempos no Calvário, levando-os sobre Si na cruz. João Batista exclamou a respeito dEle dizendo: "Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo!" (Jo 1.29). Não está escrito "tirará", mas que Jesus "tira" o pecado do mundo. Isso significa que já naquele tempo, quando encontrou João Batista, o pecado já pesava sobre Ele. Quando somos acusados injustamente de uma coisa ruim, que não fizemos, algo começa a "trabalhar" em nós. Isaías 53.11ª fala profeticamente de Jesus, referindo-se ao "penoso trabalho de sua alma". Isto aconteceu quando Jesus suportou na Sua alma a carga dos incomensuráveis pecados que foram lançados sobre Ele, sem ter pecado, isto é, atribuídos a Ele, injustamente, como era sacrificado "o Cordeiro sem defeito e sem mácula na Pascoa". (1 Pe 1.19). Portanto, foi no Getsêmani que Jesus pressentiu a profunda dor em Sua alma do vitupério e o despreso por causa de nossos pecados. (Ler: Mt 26.36-46; Lc 22.39-46).




iii) O ser levantado na cruz humilhante do Gólgota fora da porta. - O sofrer "fora da porta" - lugar indevido para o Santo Filho de Deus (Lc 1.31-35), significa que o sacrifício de Jesus foi consumado no lugar impróprio para um sacrifício judaico de um cordeiro imaculado, então, o lugar do Calvário é o sinal característico da rejeição de Jesus como o Messias de Israel, pelas suas principais autoridades religiosas. Segundo a Lei de Moisés os sacrifícios dos animais sem defeitos - tipos de Jesus - eram feitos pelos sacerdotes no altar de broze que ficava após à porta do tabernáculo, ou do templo. . Ex 12; Lv 1 a 7; 16; 17.1-9; 23.4-8,26-44; Nm 19.1-4. No Calvário foi ainda mais humilhante, por ser a cruz um instrumento usado pelos romanos para crucificar criminosos, ladrões e malfeitores no monte do Calvário... O lugar do "Gólgota" era altamente visível para quem ali fosse levantado. Jesus como o Cordeiro de Deus, - o Santo Filho de Deus, - foi suspenso na cruz entre os céus e a terra, como um pecador humilhado e escarnecido! ... Esse sofrimento "fora da porta" se tornou mais terrível para Jesus quando também Deus, o Pai, viu que Ele assumiu, inocentemente, a culpa e a pena de nossos pecados no Seu corpo, em nosso lugar. Pois Deus puniu o pecado na carne (ou corpo Rm 8.1-4); por amor a nós pecadores, como está escrito: "Porquanto, o que era impossível à lei, visto como estava enferma pela carne, Deus, enviando o seu Filho em semelhança da carne do pecado, pelo pecado condenou o pecado na carne, para que a justiça da lei se cumprisse em nós, que não andamos segundo a carne, mas segundo o Espírito". Rm 8.3-4. "Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna". (Jo 3.16).


iv) O desamparo de Deus o Pai por ver sobre Jesus os nossos pecados. Mt 27.46; Mc 15.34. O que realmente se pretende dizer com isso? Trata-se de uma identificação completa do Pai com Seu Filho feito carne humana (Jo 1.1, 14), e de Jesus com o pecador tomando nosso lugar, em substituição, como testemunha Paulo em Gálatas 2.19b-20: "Estou crucificado com Cristo; logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim; e esse viver que agora tenho na carne, vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e a si mesmo se entregou por mim." Quem quer entregar, como Paulo, sua própria vida, com todas as suas paixões e cobiças? Estás realmente disposto a renunciar a tudo que tens (comp. Lc 14.33) e a tomar Seu jugo sobre você?




v) Agora, devemos ir a Jesus como único Salvador suficiente fora do arraial! Hb 13.10-13. O Senhor começa a nos conduzir para onde podemos ter comunhão com Ele, isto é, para "fora do arraial", levando sobre Si os nossos pecados. O homem por si mesmo geme com o fardo de seus pecados, e não tem força para carregá-lo sozinho, por isso precisa do "Salvador Suficiente" para tirar o peso dos seus pecados e cravá-los na cruz... Todavia, Ele continua chamando a todos, dizendo: "...Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim que sou manso e humilde de coração; e encontrareis descanso para as vossas almas. Por que o meu jugo é suave e o meu fardo é leve". (Mt 11.28-30). Saia para fora do mundo pecador, indo até onde Jesus levou seu vitupério (vergonha do pecado) sobre Si na cruz! Quem fizer isso, verdadeiramente, estará recebendo a salvação da sua alma, ou seja, estará aceitando pessoalmente a santificação que o Senhor realizou pelo Seu sangue. (Hb 12.14). Por isso que em Hebreus 10.28-29 estão escritas as sérias palavras: "Sem misericórdia morre pelo depoimento de duas ou três testemunhas quem tiver rejeitado a lei de Moisés. De quanto mais severo castigo julgais vós será considerado digno aquele que calcou aos pés o Filho de Deus, e profanou o sangue da aliança com o qual foi santificado, e ultrajou o Espírito da graça?" O pecador sendo lavado pelo sangue de Jesus, na condição de filho de Deus regenerado, sua posição, por natureza, é de santo mesmo, e de santificado no sangue de Jesus. Então, como está tua situação de santificação pessoal, como fiel testemunha regenerada e comprada pelo sangue de Jesus deramado sobre a cruz? Será que estás distante da posição de santificação como testemunha de Deus que é Santissimo? Pois, (...) quem é santo, seja santificado ainda (...). Ap 22.11b.


Conclusão - Olhemos para Jesus crucificado coberto de sangue na Sua Cruz - o autor e consumador de nossa fé Hb 12.2 - com Seu grande amor por todos nós. Ele se deixou sacrificar, também, por ti! Não deseja no teu coração entregar-te a Ele? Irás desprezá-Lo, não irás se entregar voluntariamente a Ele como sacrifício de louvor? Ele foi sepultado por ti no pó da morte; Ele suportou a vergonha e a mais profunda humilhação por tua causa, e você ainda cotinua amando mais este mundo (kosmos) de pecado em que Ele foi tão desprezado? Ele curvou Sua cabeça que estava cheia de sangue e feridas, de dores e escárnios, e ainda irás andar com pensamentos orgulhosos, mantendo tua cabeça erguida com altivez e inflexibilidade? Ele sofreu tantas dores e tormentos em Seu corpo e em Sua alma, e tu ainda irás correr atrás de orgias terrenas? Não queres também vir a Ele, fora do arraial, levando o Seu vitupério?! Suas mãos foram traspassadas e feridas por armas de injustiça, Seus pés foram furados pelos cravos perversos, e tu continua andando pelos caminhos pecaminosos?! Ele obteve eterna justiça através de profundas dores, e tu Lhe roubarias a glória ao procurar estabelecer tua própria justiça?! Oh! não, tudo seja lançado ao pó, desprezado e considerado como refugo, "pela exelência do conhecimento de Cristo Jesus como Senhor e Salvador"! (Fl 3.8b). Diga-Lhe agora de forma clara e decidida: "Senhor Jesus, quero ir a Ti, fora do arraial, levando o Teu vitupério!" Amém. (Baseado, em parte, numa publicação na revista Chamada da Meia-Noite).


4 comentários:

Fil Santos disse...

Forte irmão. Deus continue te abençoando! Dc. Felipe Baichas

Missionária Cleide Rodrigues Cleidinha disse...

Uma grande benção,este estudo. Deus abençõe.

Unknown disse...

Maravilha

Unknown disse...

Oh glória muito bem explicado obrigado Deus abençoe