Os cristãos capazes de darem a outra face. Como disse Jesus: "Ouvistes que foi dito: Olho por olho, e dente por dente. Eu, porém, vos digo que não resistais ao mal; mas, se qualquer te bater na face direita, oferece-lhe também a outra". Mt 5:38-39.
Introdução. A exortação de “virar a outra face” quando formos difamados, insultados e maltratados por outros, instantaneamente desperta uma resposta, “você deve estar brincando comigo” Certo? A razão é que rejeitamos a idéia de permitir que alguém escape após fazer uma afronta à nossa dignidade.
i. Filosofia humanística.Tudo dentro da nossa natureza humana exige que o "eu" seja valorizado e protegido acima de todas as coisas. Uma lei física postula que “toda ação provoca uma reação de igual intensidade e em sentido contrário”. Essa lei se levada para as Igrejas e até mesmo para a sociedade em geral, provocará uma verdadeira desgraça. Somos constantemente colocados à prova no que diz respeito ao nosso domínio próprio. Sabemos que muitas pessoas quando provocadas reagem com explosões de fúria, utilizando, então, de um triste jargão: “Eu não levo desaforo para casa” ou outro ainda “Bateu, levou”, mais um “se mexerem comigo eu rodo a minha baioneta”. As grandes tragédias da humanidade foram conseqüências daquilo que chamamos direito de defesa, ou seja, se me agredirem eu respondo agredindo ainda mais.
ii. Jesus Cristo nos ensinou humildade e tolerância com determinação. Cristo não nos ensinou desta forma. Assim sendo tenha em mente que não devemos retaliar contra ninguém, e especialmente contra nossos irmãos em Cristo Jesus, independente de quanto achamos que eles “merecem”. Jesus também, não está pedindo para você se transformar em um saco de pancadas. Nas Escrituras não encontramos DEUS encorajando seu povo a serem “abutres” ou “pombas” quando se encontram em situações de legitima defesa. O que Ele nos ensina é que devemos agir com racionalidade, que devemos combinar humildade e tolerância com ousadia e determinação. Ele não está dizendo que é pecaminoso alguém se defender ou defender a sua família quando ameaçado. Se Ele tivesse dito isso, então seria uma contradição o que as Escrituras dizem em outros lugares. Ele nos fala acerca de uma afronta recebida. Jesus nos diz que o revide não leva a nada!
iii. Costumes legalísticos judaicos. Parece que os judeus tinham adotado ilegitimamente a lei da retribuição como justificativa para a vingança pessoal, assim: "Se causar defeito em seu próximo, como ele fez, assim lhe será feito: fratura por fratura, olho por olho, dente por dente; como ele tiver desfigurado a algum homem, assim lhe fará". (Lv 24:19-20). Assim uma pessoa que era ofendida de certa forma, requereria que o ofensor a compensasse na extenção mais plena da lei. Porém a lei da retaliação permitia uma justiça exata, não a vingança, e dizia respeito à justiça pública, não a vingança particular. A vingança pessoal ou até mesmo o “linchamento” está fora de questão. É contra isto que Jesus fala. O Senhor já tinha estabelecido o meio de tratar com punição o ofensor, pela espada do Estado. Ele não está se dirigindo às cortes, a policia ou às forças armadas. (Rm 13.1-7).
iv. A defesa da honra com dignidade. Esse versículo (Mt 5.39) passa para todo não crente que o evangélico é um bobalhão, ingênuo, sem direito a se defender. Muitos do próprio meio cristão escondem sua covardia atrás deste verso, certamente mal interpretado por ele e pelos que o cercam. Perdem o direito de defenderem suas famílias e se demonstrarem algum tipo de reação a alguma coisa errada eles são interpretados como carnais, exaltados, etc. Quem lê a Bíblia sabe que o Senhor Jesus não se calou diante de todas as situações em que viveu. Quando presenciava coisas errôneas no templo, escribas e fariseus hipócritas, vendilhões na "casa de oração", etc. Não argumentou humildade ou com mansidão, e não deixou de desmascarar os falsos religiosos da época. Se gravarmos em nossa mente a imagem de um Jesus passivo a tudo, acharemos um absurdo ver Nosso Mestre derrubando mesas ao expulsar os ladrões que vendiam tudo na chamada "casa de oração". (Ler; Mc 11.15-18; Jo 2.13-17). Não estou incentivando ninguém a tomar decisões de maneira abrutalhada, ignorante, nem estou fazendo apologia à violência. Fuja de tudo isto!!!
v. Agir, espiritualmente, com as armas do amor. Fazer as coisas de cabeça quente é fazer besteira pra se arrepender depois. Precisamos aprender a absolver os “tapas” do dia-a-dia, as fechadas de transito, as invasões de fila bem na nossa frente, as más respostas de alguém mal humorado. É preciso deixar de ser tão defensivo e aprender a agir com as armas do amor.
Na próxima vez que você for tentado a perder a compostura, ou ter uma explosão de fúria (como dar uns tapas na cara de alguém), conte até cem uma ou duas vezes enquanto se lembra desta passagem. (Mt 5.38-39).
Na próxima vez que você for tentado a perder a compostura, ou ter uma explosão de fúria (como dar uns tapas na cara de alguém), conte até cem uma ou duas vezes enquanto se lembra desta passagem. (Mt 5.38-39).
vi. Ter a dignidade social com respeito ao próximo. Mas, também, que cada cristão venha a refletir nos seus direitos com a sociedade. Somos cobrados de nossos deveres, mas, nos nossos direitos apenas ouvimos que o crente deve aceitar tudo. Isso nos causa indignação, pois, se queremos aquilo que é certo, por que deveríamos aceitar o que é errado? O fato de discernimos que o Salmo 91 nos garante a proteção sob o esconderijo do Altíssimo não impede que deixemos a porta bem trancada antes de dormir. Aprendemos que temos a proteção de DEUS, mas não devemos tentá-lo, porem, termos precauções. O mesmo se dá em “oferecer a outra face”. Aprendemos neste versículo que devemos ter o princípio de não querer se “vingar”, ficar desejando mal ao próximo, mas não de abaixar a cabeça e aceitarmos a injustiça, fingindo uma falsa humildade, amaldiçoando as escondidas. Como exemplo de nosso Senhor Jesus Cristo, o cristão deve ser sincero, honesto, reto e santo. (Mt 23.1-12). (Plestrante: Adalto Pinho Faria).
Conclusão. O ensino a este respeito do apóstolo Paulo em Rm 12.9-21, é a melhor regra de comportamento para o cristão espiritual. Vejamos o que ele nos ensina na última parte deste texto bíblico, assim: "(...) A ninguém tomeis mal por mal; procurai as coisas honestas, perante todos os homens. Se for posssível, quando estiver em vós, tende paz com todos os homens. Não vingueis a vós mesmos, amados, mas dai lugar à ira (a Deus), porque está escrito: Minha é a vingança; eu recompensarei, diz o Senhor. Portanto, se o teu inimigo tiver fome, dá-lhe de comer; se tiver sede, dá-lhe de beber; porque, fazendo isto, amontoarás brasas de fogo sobre a sua cabeça. (sua consciência). Não te deixes vencer do mal, mas vence o mal com o bem". (Rm 12.17-21). Façamos assim e viveremos na lei do amor incomparável de Cristo Jesus nosso Senhor. Amém.
Um comentário:
No que tange à recomendação bíblica (Novo Testamento) acerca de VIRAR A OUTRA FACE (quando agredido), tenho algumas dúvidas quanto ao cabal cumprimento da aludida recomendação em determinadas situações, conforme abaixo exemplificadas: Em que pese tratar-se de um mandamento (uma recomendação bíblica aos cristãos), vamos lembrar somente para ilustrar a época das invasões nazistas na Europa, por exemplo, quando o exercito de Hitler invadiu a França. A dúvida é: Será que a RESISTÊNCIA FRANCESA deixou de cumprir o reportado mandamento, fazendo guerra contra o invasor. Então deixaram de cumprir a palavra (deixaram de virar a outra face) Será que pecaram?. Outro exemplo , na época do Brasil colonial, quando alguns escravos negros resistiram a dominação de seus senhores (Considerando que há referencias biblicas no Novo Testamento acerca da recomendação aos escravos na época do Império Romano para serem fieis e obedientes aos seus senhores)e fugiram formando pequenos focos de resistência armada denominados QUILOMBOS. Tais escravos estavam então contra a palavra de Deus, pois não obedeceram ao livro sagrado? A dúvida é simples, como poderemos obedecer à determinados mandamentos (a palavra) havendo tantas razões lógicas de ordem prática, que nos fazem refletir que tais mandamentos em determinadas circunstâncias são impraticáveis.
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