Jesus Cristo homem é o único Mediador - É como está escrito em 1ª Tm 2.5. assim: "Porque há um só Deus, e um só Mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo homem".
Jesus é o Sumo-Sacerdote, segundo a ordem de Melquisedeque (Hb.6:19,20), que intercede pelos pecadores (Is.53:12); pela Igreja (Jo.7:9; Rm.8:34; Hb.7:25).
Nas passagens de Lv.9; Hb.5:1-4; 7:25 encontramos as principais características do ofício sacerdotal, as quais destacamos a seguir:
a) sacerdote é tomado dentre os homens para ser o seu representante;
b) Ele é constituído por Deus, conforme o versículo Hb.5:4;
c) Ele age como mediador entre Deus e os homens, buscando os interesses dos homens nas coisas pertencentes a Deus;
d) Sua tarefa especial consiste em oferecer a Deus sacrifícios pelos pecados;
e) Ele fazia intercessão pelo povo e os abençoava, conforme Lv.9:22.
A Palavra de Deus, ainda no Velho Testamento, prediz e apresenta o Sacerdote Eterno e o Sacerdócio do Redentor que haveria de vir. Há claras referências a isto em Gn.14:18-20; Sl.110; Zc.6:13. Cristo Jesus é o Sacerdote Eterno, segundo a ordem de Melquisedeque.
No Novo Testamento, há várias passagens que se referem à Obra sacerdotal de Cristo Jesus, mas somente na epístola aos Hebreus é que encontramos uma exposição mais clara e completa sobre este importantíssimo tema. Ele o nosso único, verdadeiro, eterno e perfeito Sumo-Sacerdote, constituído por Deus, que assumiu, substitutivamente, o nosso lugar e, pelo sacrifício de Si mesmo, obteve uma perfeita redenção (Rm.3:24,25; 5:6-8; 1ª Co.5:7; 15:3; Ef.5:2; Hb.3:1; 4:14; 5:1-10; 6:19,20; 7:1-28; 8:1-13; 9:11-15, 24-28; 10:11-14; 1ª Jo.2:2; 4:10).
A Obra sacrificial de Cristo Jesus tem os seguintes aspectos principais:
1) Possui natureza expiatória e substitutiva:
As Sagradas Escrituras testificam o fato de que os sacrifícios de animais, instituídos na Lei dada a Moisés, como nas ofertas pelo pecado e pelas transgressões, tinham o caráter expiatório (Lv.1:4; 4:29-35; 5:10): no ato da imposição de mãos que simbolizava a transferência do pecado e da culpa, para a vítima, como em Lv.16:21,22; no derramamento e aspersão do sangue sobre o Altar de Bronze (pelos sacerdotes levitas) e sobre o Propiciatório (pelo Sumo-Sacerdote uma vez ao ano, no Dia da Expiação), como em Lv.16 e 17; no perdão das ofensas cometidas daquele que trazia sua oferta pelos pecados: Lv.4:26-31.
2) Possui Natureza Profética:
Os sacrifícios ordenados por Deus tinham um caráter profético, e se destinavam a prefigurar os sofrimentos vicários do Senhor Jesus Cristo e a Sua morte expiatória na cruz. No Salmo 40:6-8, o Messias é apresentado como aquele que substitui os sacrifícios previstos na Lei, pelo Seu próprio Sacrifício, conforme constatamos ao lermos Hb.10:5-10.
Há claras indicações no Novo Testamento de que os sacrifícios previstos na Lei prefiguravam Cristo e Seu sacrifício vicário, como em Hb.9:19-24; 10:1; 13:10-13. Ele é o “Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo” (Jo.1:29), em cumprimento a Êx.12 e Is.53; Ele é o “Cordeiro sem defeito e sem mácula” (IPe.1:19); e “nosso Cordeiro Pascal”, que foi imolado por nós (I Co.5:7).
3) Seu Propósito:
Os sacrifícios previstos na Lei não podiam expiar os pecados, mas eram figuras do verdadeiro sacrifício vicário de Cristo, ainda por vir (Hb.9:1-14). Em Hb.10, lemos que aqueles sacrifícios não podiam aperfeiçoar o ofertante (v.1); não podiam remover pecados (v.4). Na verdade, eles somente tinham significação real de salvação para Deus, quando realizados com verdadeira fé e arrependimento, na medida em que levavam a atenção do ofertante a fixar-se no Redentor vindouro e na Redenção prometida.
Importante é compreender que Cristo é o Sumo Sacerdote, não somente terreno, mas também, e especialmente, celestial. Ele é, mesmo quando assentado à destra de Deus, com majestade celeste, "ministro do santuário e do verdadeiro tabernáculo que o Senhor erigiu, não o homem" (Hb.8:2).
Em Hb.8:5, lemos: "...como Moisés foi divinamente avisado, estando já para acabar o tabernáculo; porque foi dito: Olha, faze tudo conforme o modelo que no monte se mostrou". Ele é o Sacerdote verdadeiro (o Sacerdote segundo a ordem de Melquisedeque - Hb.5:1-11); o Sumo-Sacerdote de fato e de direito, conforme o Decreto irrevogável de Deus Pai (Sl.110:4); a servir no verdadeiro santuário, do qual o tabernáculo de Israel era apenas uma sombra imperfeita (e transitória). Ele exerce o Sumo-Sacerdócio diante do Trono de Deus, no Tabernáculo não feito por mãos humanas, apresentando-se a Si Mesmo, pelos que nEle crêem, como Sacrifício Vivo e Eterno, ao PAI. Assim sendo, Ele é nosso intercessor junto ao Pai (Sl.110:5).
Cristo, como o nosso Advogado, intercede por nós junto ao Pai e contra Satanás, o nosso acusador - Hb.7:25; 1ª Jo.2:1; Ap.12:10. Outros textos neotestamentários que falam da obra intercessória do Senhor Jesus Cristo acham-se em Rm.8:24; Hb.7:25; 9:24.
4) A natureza da Obra intercessória de Cristo:
É impossível dissociar a obra intercessória de Cristo de Seu sacrifício expiatório na cruz. Este é apenas um aspecto da obra sacerdotal de Cristo. No entanto, como afirma L.Berkhof:
"A essência da Intercessão é a Expiação de Cristo. A Expiação é real - um sacrifício e uma oferta reais, e não um mero sofrimento passivo - porque, em sua própria natureza, é uma intercessão ativa e infalível; ao passo que, por outro lado, a Intercessão é uma Intercessão judicial, representativa e sacerdotal, e não uma mera influência a favor de alguém - porque é essencial que haja Expiação, ou seja, uma oblação substitutiva, feita uma vez por todas no Calvário, agora apresentada perpetuamente e usufruindo perpétua aceitação no céu." Hb.10:9-14.
Exatamente como o sumo sacerdote, no grande dia da Expiação, entrava no lugar santíssimo, isto é, no Santo dos Santos, com o sacrifício consumado, para apresentá-lo a Deus, assim Jesus Cristo, nosso Senhor e Salvador, entrou no Lugar Santíssimo, isto é, no Tabernáculo Celestial, pelo sacrifício de Si mesmo, santo, perfeito, imaculado, insubstituível, único e imutável. Hb.9:24.
Há também um elemento judicial na intercessão, precisamente como na expiação. Mediante a expiação, Cristo Jesus satisfez as justas exigências da lei, de modo que nenhuma acusação legal pode, com justiça, ser feita contra aqueles pelos quais Ele pagou o preço. Contudo, Satanás, o acusador, sempre está a lançar acusações contra os eleitos e remidos; mas o Senhor e Salvador Jesus Cristo nos justifica pela apresentação de Seu próprio Sangue e Obra Expiatórios, diante de Deus. (Ap 12.11).
O apóstolo Paulo, em Rm.8:33,34, afirma: "Quem intentará acusação contra os eleitos de Deus? É Deus quem os justifica. Quem os condenará? É Cristo Jesus quem morreu, ou antes, quem ressuscitou, o qual está à direita de Deus, e também intercede por nós". Aí está o elemento judicial presente claramente.
Um outro ponto relativo à Obra intercessória de Cristo, é que ela está relacionada com a nossa santificação completa, integral (posicional, vivencial ou prática-progressiva e final). Quando nos dirigimos ao Pai, em nome de Cristo (Mt.18:18-20; Jo.14:13), as nossas orações imperfeitas são aperfeiçoadas nEle; os nossos pecados são perdoados por Ele; as nossas limitações humanas e materiais são plenamente suplantadas e superadas pela Sua divindade eterna. Aleluia! Leia-se: Hb.2:17,18; 3:1-6; 4:15;1Pe.2:4,5.
5) Por quem ele intercede?
O Senhor Jesus Cristo intercede por todos aqueles por quem Ele fez expiação, e somente por estes. Pode-se inferir disto do caráter limitado da expiação somente os que crêem, os que são nascidos de novo, é que são beneficiados por ela, embora o Sacrifício de Cristo tenha sido feito por todos (Mt.10:32,33; Mc.16:16; 1Jo.2:1,2).
Em passagens como Rm.8:1,2,34; Hb.7:25,26 e 9:24, a palavra "nós" se refere somente aos salvos. Além disso, na oração sacerdotal registrada em Jo.17, o Senhor Jesus Cristo diz ao Pai que ora por Seus discípulos que ali estão e "por aqueles que vierem a crer em mim, por intermédio da sua palavra" (v.9,20).
No versículo 9, do mesmo capítulo, Ele faz uma declaração sumária a respeito do caráter restritivo de Sua intercessão, quando diz: "É por eles que Eu rogo; não rogo pelo mundo, mas por aqueles que me deste". E o versículo 20, nos ensina que Ele não intercede somente pelos discípulos presentes, mas por todos os que ainda haveriam de ser salvos.
Neste sentido, o Senhor Jesus Cristo está posto como Sumo Sacerdote dos que são declarados filhos de Deus, por meio dELE. Não significa, no entanto, que Ele nunca interceda pelos que não são salvos, como lemos em Lc.23:33, pois aqui o vemos como Filho do Homem, em seu estado de humilhação. Agora, porém, não O vemos desta forma, mas como Aquele que está à direita de Deus Pai, glorificado e que intercede por nós: "o Sumo Sacerdote dos bens futuros". Leia-se, ainda, Jo.17:17,24; Hb.4:14-16; 10:21,22; 1Pe.2:5.
A oração intercessória de Cristo é uma oração que nunca falha. Junto ao túmulo de Lázaro o Senhor Jesus expressou a certeza de que o Pai sempre O ouve, Jo.11:42. Suas orações intercessórias em favor do Seu povo estão baseadas em Sua obra expiatória. Os remidos de Deus podem auferir consolo e fortaleza do fato de contar com um intercessor tão eficaz junto ao Pai! (Jo 14.13-14).